Pequenos Nadas...
Aquela música começa a tocar (ouvir música ajuda a pensar, ou talvez não), começo a assobiar, vejo as imagens a surgir na minha cabeça, esboço um sorriso. Mas de repente o pensamento volta a fugir e escapulir-se por entre as minhas garras. Não queria voltar a repetir-me, mas voltei a ser o nada.
Estou sentado à apreciar a beleza de ter uma cabeça completamente vazia, cheia de nada. Chego a sentir alguma preocupação ou desconforto mas que depressa se desvanecem, pois estou perdido a ver o gato a brincar com a sua própria cauda, é quase arrebatador, ele anda à roda, ele salta, ele luta, ele consegue apanhar a cauda, não(!) foi quase, foi por uma unha negra. Cabrão do gato ia-me partindo o relógio. Sortudo gato que é feliz por viver no nada.
Voltei novamente a perder-me, nem um cheiro, nem uma imagem, nem um pensamento (só um, mas tenho que fugir dele, nevermind), nem uma recordação… Nada… Sou feliz como o gato? Não sei, não sinto nada, mas gosto de pequenos nadas…