O Calor às vezes faz Frio!

Neste momento apetece-me (ou apetecia-me) entrar pela cama a dentro e esconder-me bem debaixo lá no fundo daqueles lençoís, cobertores e colcha. Bem protegido, por esta grande shelter, contra tudo e todos, contra o mal e insucesso, quente bem quentinho, num lugar onde tudo corre bem, e eu sou acolhido com todo o prazer e graciosidade. Onde posso fantasiar livremente, sem o sabor amargo da racionalidade.

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Simplesmente refugiado. Longe mas muito longe de dúvidas arrasadoras, de cenários que não se montam como imaginámos vezes e vezes sem conta no nosso imaginário, ou das cruéis expectativas que existem para connosco (que nos obrigam a não parar e por vezes fazer o que já perdeu à muito sentido).

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Se tudo pode-se simplesmente ser como quando estamos lá em baixo! Segurança, clarividência, nenhuns erros, fantasias cumpridas, longe das expectativas de outrem. E Eu ao pé de Ti!

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Contudo inexplicavelmente e com uma grande força, consegui aguentar-me cá fora, ao frio no meio destas silvas que picam ardentemente, onde eu luto para não ser engolido pela forte corrente.

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Estou confuso. A ratoeira deformada caça o rato deficiente. O gato sonolento mia. O Amor é amarelo. E 1+1 continua a ser igual a dois.

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Eu cá fora depois de ferido pelas silvas e quase levado pela corrente sinto-me, mesmo assim, mais feliz que enfiado debaixo do cobertor, a viver o impossível com um calor que não aquece o coração, no fundo um calor artificial.

O Conhecimento e Experiência do Mundo apenas podem ser adquiridos no Mundo, nunca num armário ou debaixo de uns lençoís.

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Tu não sabes, e receio que continuarás a não saber, aliás nem sequer sonhas isto. E desconfio que nunca te o direi, pois o Cosmos assim ditou e eu tristemente tenho que cumprir. Fica, porém, o sorriso de quando estava debaixo dos lençoís e tudo era possível, mas agora tenho ficar ficar sempre cá em cima... Um Adeus...